sexta-feira, 25 de março de 2011

Da «História de Ourém»

FRANCISCO VIEIRA DE FIGUEIREDO

Há dois ourienses esquecidos, de superior relevo para a história concelhia, que tratámos, vai para três anos, nas aulas de «História de Ourém» da Universidade. São eles, Francisco Vieira de Figueiredo e Brás Luís de Abreu.
Vamos considerar aqui Francisco Vieira de Figueiredo.
Retomo de algum modo o tema também apresentado publicamente, no serão de 3 de Dezembro, no Museu Municipal. Além disso, apraz-me desenvolver agora para os leitores do «Notícias de Ourém» a vida e os feitos de Vieira de Figueiredo.
O que trouxe então como novidade, foi a consulta directa que fiz na Torre do Tombo, há vários anos, e reiniciei, sobre o processo do Tribunal do Santo Ofício referente à família de Francisco Vieira de Figueiredo.
No processo estão reunidos os elementos fundamentais para construirmos uma biografia, sólida e verídica, sobre o ilustre conterrâneo.
Chamava-se entre os ourienses apenas Francisco Vieira. Mais tarde aparece como Francisco Vieira de Figueiredo. E será mais conhecido por este nome, na 2ª metade da sua vida, passada no Extremo Oriente, desde Goa até Malaca, Macau e Manila, fixando-se depois em Macaçar.
Viveu ainda os seus derradeiros anos nas ilhas de Flores e Timor, no longínquo arquipélago da Indonésia, morrendo em Larantuca (Flores), em 1667.
Ourém não conhece tal diplomata e mercador. Mas vai conhecê-lo, certamente, pois bem merece.
Francisco Vieira nasceu na aldeia do Zambujal, junto ao castelo de Ourém, por volta de 1610. Volvidos são agora 400 anos!
Seu pai chamava-se João Vieira. Era um “lavrador” do “Azambujal”. Sua mãe, Madalena Nunes, era natural do Regato. Um documento da época reza textualmente: “aldea da Crus freguesia da See de Ourem”.
Deveras interessante tal expressão!
Seus avós paternos chamavam-se Estêvão Vieira Esteves, também “lavrador”, e Francisca Manuel Henriques, sendo esta natural de Peras Ruivas. O avô materno chamava-se Simão Nunes, e era “oficial de pedreiro”; a avó materna tinha o nome de Maria Henriques.
Vemos, por conseguinte, nomes muito simples e profissões igualmente simples, bastante vulgares na região de Ourém.
Quanto ao apelido “Figueiredo” julgamos que foi reunido mais tarde, no Oriente, ao nome de Francisco Vieira. Achámos uma data: 9 de Dezembro de 1647.
Nesta dia, na Sé de Goa, o chantre e Vigário-geral do Arcebispado, “Doutor Francisco de Figueiredo”, investiu no “Hábito de Cavaleiro da Ordem de Cristo” Francisco Vieira, natural do Zambujal, do termo de Ourém.
Terá sido pois em homenagem ao seu “patrono” que Francisco Vieira passou a ser mais conhecido por Francisco Vieira de Figueiredo.

António Rodrigues Baptista

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